Por Sebastião Nunes
O almoço chegara ao fim. Deliciado, o
urubu-rei-do-planalto-central raspava os derradeiros fiapos da carniça que ele
e seu bando devoravam. Era uma carniça enorme, fedorenta como ela só. Talvez a
carniça da Previdência Social. Quem sabe a carniça da Educação Fundamental. Ou
ainda a carniça dos Direitos dos Trabalhadores. Mas que era deliciosa, fosse a
carniça que fosse, lá isso era.
Saciado, o urubu-rei-do-planalto-central arrotou. Bocejou.
Abriu as longas asas escuras espreguiçando-se com prazer. Apoiou as patas no
chão e, bico erguido, lançou-se no espaço azul da manhã que findava.
– Diacho! – resmungou ele, constatando que as asas lhe
pesavam que nem chumbo. – Estarei ficando mais velho do que sou? Nunca me pesou
tanto o corpo nem jamais tive tanta dificuldade para alçar voo. Alguma coisa
está errada.
Virou o bico para trás e viu que, logo ali perto, voava o
urubu-secretário-geral-do-planalto-central.
– Tudo bem, meu caro urubu-secretário-geral?
Gostou do almoço
Nenhum comentário:
Postar um comentário